PARA PENSAR
“A menos que abramos as portas de nossas casas uns aos outros, a realidade da Igreja que Jesus edificou como sendo uma família de irmãos e irmãs amorosos é apenas uma teoria”

"Desinstitucionalizados sim, desigrejados jamais, desviados nunca. Somos a igreja de Cristo “juntamente com todos os que, em toda parte, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.” (1Co 1.2)" Por seu Reino!

Se alguém comemorou o Dia da Reforma Protestante exaltando a Lutero e sua obra e luta, mas condena os "desigrejados" de nossos dias, esse alguém não entendeu nada!

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Resposta a tentativa de Refutação as práticas da Igreja Orgânica



Com a ajuda de alguns irmãos respondi a tentativa de refutação das práticas que se harmonizam com a doutrina da igreja neotestamentária. Solon mariano

Refutando as doutrinas das igrejas orgânicas. Veja no Blog Abaixo:

http://superandoasheresias.blogspot.com.br/2013/05/refutando-as-doutrinas-das-igrejas.html

Denominação “igreja”: Temos que entender o motivo do por que. Não se podia ter igrejas (templos) construídos na época dos apóstolos até o fim de 380 d.C com a oficialização da religião do império.

Resposta: Quando dizem que a Igreja Primitiva não construíam templos por causa da perseguição, é porque não notam esse versículo: (AT.9.31)ou seja,houve tempo em que não havia perseguição e ,mesmo assim ,não construíram templos,continuaram nas casas. A igreja passou 300 anos congregando assim até que se corrompeu influenciada pelo imperador romano Constantino que,dizendo-se cristão começou a trazer as crenças e práticas pagãs para a igreja,inclusive os templos,e o resultado de tudo isso foi a igreja católica apostólica romana com toda a sua idolatria.Mais tarde, a reforma iniciada por Martinho Lutero foi insuficiente,pois a pratica de se reunir em templos continuou entre os reformadores e permanece até hoje no meio evangélico.Isso mostra que o costume das igrejas de congregar em templos veio do paganismo.

Denominação “igreja”: A forma que estão aplicando as ofertas é bíblico, e isso eu reconheço (Tg 1.27; 1º Tm 5.16). Mas dizer que as ofertas não são para a manutenção de templos e salários dos ministros, é antibíblico. Vejamos algumas passagens que nos provam ao contrário:
"Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja MANTIMENTO na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos," (Malaquias 3.10 - ênfase do autor).

Resposta: O dízimo é uma ordenança da lei para Israel,não para a igreja (HB.7.5;NM.18.21,25) A quem Malaquias está se dirigindo no capítulo 3? É claro que é a Israel (ML.3.9).Mas alguém pode dizer que o dízimo é antes da lei, pois Abraão e Jacó deram o dízimo (GN.14.18-20;28.20-22). Na verdade é, mas não como um mandamento divino. Em ambos os casos está claro que eles decidiram dar por iniciativa própria (não foi Deus quem mandou). E mais, no caso de Abraão, ele só deu essa vez e nunca mais. Diferente de hoje que, se dá mensalmente. E no caso de Jacó, foi um voto que ele fez. E a Bíblia não mostra Isaque, José, ou qualquer outro santo que viveu antes da lei, dando dízimos. Ou pode dizer que Jesus mandou dar o dízimo em MT.23.23 e LC.11.42.Todavia ele estava falando para os fariseus que eram judeus e viviam na lei,e não para os seus seguidores (GL.3.10,13). Além de ser para sustento da tribo de Levi que, não tinha herança em Israel, o dízimo era também para sustento dos necessitados (DT.26.12).
Não há nenhuma referência bíblica de que havia dízimos na igreja primitiva. O que havia era ofertas para a assistência dos irmãos nas suas necessidades(AT.11.29;1CO.16.1-3;2CO.9.1,2,7-9;1TM.5.16). Isso prova que dízimo não é mandamento para os cristãos.
Curiosamente, nas Escrituras as pessoas vendiam suas terras para alimentar os pobres da Igreja. Hoje, a Igreja pede dinheiro ao pobre para comprar terras, gastando mais dinheiro com estruturas eclesiásticas do que com os necessitados. Não seria esta uma inversão de prioridades?
VEJA MAS SOBRE OS DÍZIMOS EM: http://adoradoreslivres.net/dizimo.html

Denominação “igreja”: "Os presbíteros que governam bem sejam tidos por dignos de duplicada honra, especialmente os que labutam na pregação e no ensino. 18 Porque diz a Escritura: Não atarás a boca ao boi quando debulha. E: Digno é o trabalhador do seu salário." (1ª Timóteo 5.17,18)

Resposta: A má aplicação do ditado bíblico: Digno é o obreiro de seu salário (LC.10.7).Na verdade, a bíblia dá respaldo para que obreiros vivam do evangelho(1.CO.9.4-6,14;GL.6.6;1TM.5.17,18),mas vamos ver,segundo a bíblia,o que é o salário do obreiro:Em LC.10.1-7,Jesus manda seus discípulos pregar nas cidades e diz-lhes para não levarem provisão para a viagem(v.4),pois na casa que os recebessem, eles teriam comida e bebida (v.7),e em MT.10.10 que fala da mesma situação,em vez de salário,está escrito alimento.
Aqui está claro que o salário do obreiro é o suprimento de suas necessidades básicas. (comparar com 1CO.9.4 e FP.4.16). Ainda assim o apóstolo Paulo disse que abria mão desse direito para não servir de tropeço ao evangelho(1CO.9.12). Já os pastores de hoje tiram altos salários para manter uma vida de luxo,enquanto que algumas de suas ovelhas não tem nem o que comer em casa.O próprio Paulo condena isso em 1TM.6.5-10).

Denominação “igreja”: A pessoa responsável por trazer a mensagem e/ou o ensinamento era e é o presbítero (pastor). Não existe base bíblica para que não haja uma hierarquia eclesiástica, pois a Bíblia nos mostra claramente que havia os apóstolos (homens que andaram com Jesus) e diáconos (homens encarregados de servi a mesa (Atos 6). Quanto a oração não há restrição bíblica para que haja na igreja, conquanto que seja com ordem e decência. A onde que os apóstolos ensinaram que temos que ficar recitando poesia dentro da igreja?

Resposta: Tudo o que está no Novo Testamento foi registrado com um propósito e Deus foi e é soberano para conduzir o registro conforme seu Plano Eterno. No Novo Testamento, o mesmo princípio se apresenta, com acréscimo de que, tanto em Atos, como nas Epístolas, há registros de como os irmãos viviam dentro de sua cultura, seja judaica, seja grega, e, mesmo assim, estavam cultivando um relacionamento com o Pai, em Cristo, pelo Espírito. A consideração desse pano de fundo, chamada por alguns de “contextualização”, é essencial para se entender o Novo Testamento. Além disso, cada versículo do Novo Testamento precisa estar alinhado com as palavras de Jesus e com a revelação principal da Nova Aliança: nos corações o Senhor vai imprimir as suas leis, isto é, Deus quer se envolver com o homem, através de Dispensar Cristo para o nosso interior, transformando-nos como a seiva de uma árvore transforma um galho enxertado.
Bem, voltando à questão inicial. Para entender a questão de autoridade na igreja, precisamos primeiramente responder a seguinte pergunta: o Senhor Jesus, o mesmo que disse que edificaria Sua igreja, continua no nosso meio? Se a resposta for positiva, então Ele e somente Ele é a autoridade entre nós. Ninguém mais tem essa autoridade. Ele não delegou essa autoridade a quem quer que seja. Agora, se Ele não mais está no nosso meio, então é possível questionar se alguém recebeu alguma “delegação” dele, por quanto tempo e em que circunstâncias. Particularmente, penso que o Senhor continua entre nós, como Ele prometeu nos Evangelhos (Mt 28:20). Comento isso, só para introduzir a questão de que presbíteros, pastores e bispos não são autoridade na igreja, pois a autoridade é Jesus. Com relação ao significado dessas palavras, vejamos:
– Bispo: sinônimo de presbítero (At 20:17, 28)
– Presbítero: significa ancião a partir da transliteração do grego
– Ancião: pessoa espiritualmente madura ou experimentada
– Pastor: um dom ou função, assim como evangelista, mestre, apóstolo, ou qualquer outro dom (Ex.: Romanos 12 e 1 Coríntios 12)
Colocados os conceitos nos devidos lugares, então, o que podemos questionar é se um ancião exerce liderança na igreja. Como mencionado acima, a liderança da igreja cabe a Cristo, o cabeça e a ninguém mais. Mas então qual é a função do ancião? Quando o Novo Testamento fala de ancião, ele não está mencionando uma função, mas sim uma pessoa mais velha (função e pessoa são assuntos bem diferentes). Agora, em que uma pessoa mais velha pode ser útil no meio dos irmãos? Em muitas áreas, especialmente no aconselhamento dos novos e como exemplo de fé e dedicação ao Senhor. Um irmão vai diante de Deus e entende que deva abandonar a profissão e seguir o Senhor como Evangelista. No entanto, ele não tem certeza absoluta disso. Uma das coisas que ele pode fazer e procurar um ancião e verificar o que o irmão percebe sobre esse assunto. Espera-se que um ancião, de fato, tenha experimentado muitas situações do ponto de vista humano (educação, casamento, trabalho, criação de filhos, estudo da Palavra etc.), assim com tenha experimentado Cristo na Sua vida, aprendendo as dolorosas lições da Cruz. Normalmente o ancião não dará uma resposta positiva ou negativa, mas possivelmente contar algumas experiências, sejam suas ou de outros irmãos…
João em Sua epístola diz que os Pais conhecem Aquele que é desde o princípio (1 Jo 2:13) – isto é, os anciãos tem muitas experiências com Deus desde o início da sua fé e assim poderiam orientar os mais jovens que estiverem passando por experiências similares. Assim, quanto mais experiências tiver um ancião, mais útil seus conselhos serão. Isso nada tem a ver com dirigir os irmãos. Tem a ver com amar os irmãos e, assim como um avô orienta um filho adulto, um ancião poderia orientar os irmãos que o procurarem. A orientação do Senhor é levarmos os pés uns dos outros; é nos humilharmos; é servimos aos outros como escravos – Como pode um escravo exercer liderança ou impor algo a alguém? Esse princípio é vital para entender a liderança no Novo Testamento (Jo 13:14-16, Rm 12:10; Ef 5:21).
Cremos que um ancião, assim como qualquer irmão, pode ter um ou mais dons, um ou mais ministérios. Um jovem pode ter o dom de pastorear e um ancião pode ter o dom de hospedar. Deus distribuiu os dons no Corpo conforme lhe aprouve (1 Co 12:18). Em um viver normal da igreja, espera-se que um irmão mais maduro espontaneamente tenha um cuidado em amor dos mais novos (1 Pe 5:1-2), mas isso não significa que todo ancião deva apascentar e pastorear os irmãos. Entendemos que o amor que é a expressão da vida deveria ser mais evidente entre os mais velhos, naqueles que experimentaram mais tempo e em mais situações o amor de Deus, principalmente na sociedade individualista e egocêntrica em que vivemos. Deveria ser dos anciãos a iniciativa de visitar os irmãos, orar por eles, entender seus conflitos e lutas e lutar com eles. Infelizmente, muitos deveriam ser anciãos, ainda aguardam ser cuidados pelos outros, quando na realidade deveriam sair de suas casas confortáveis e pastorear o rebanho de Deus.
Outra questão interessante acerca dos dons ou função, diz respeito ao dom de presidir ou liderar (Rm 12:8). Muitos, erroneamente, associam o dom de pastor ao do de presidir. Ora, não faz sentido associar dois dons se não vemos no NT qualquer relação entre eles. Se alguém, por exemplo, discutisse a relação entre o ancião (pessoa) e o dom (função) de liderar, tudo bem, poderíamos discutir essa questão.
Quanto ao dom de presidir, esse dom possivelmente tem relação com a capacidade de tomar iniciativas. Por exemplo, Pedro, nos Evangelhos, por causa da sua própria natureza, tomou iniciativa em várias ocasiões. Segundo a direção do Espírito, alguns irmãos podem ter recebido o dom de tomar iniciativa. Isso é absolutamente normal em um viver comunitário. Tomar a iniciativa, entretanto, não significa tomar decisões pelos outros (tomar a iniciativa e tomar decisões são coisas diferentes). Na vida da igreja, conforme tratado no Novo Testamento, as decisões são tomadas por todos os irmãos e não por uma pessoa ou grupo de pessoas.
Paulo exorta que quem tem esse dom deve exercer com CUIDADO, ZELO ou DILIGÊNCIA (dependo da versão utilizada). Um irmão que tem o dom de liderar, por exemplo, sente que deva marcar uma reunião de evangelismo ou sente vontade de convidar os irmãos para um acampamento, em um feriado prolongado. Ele ora acerca do assunto e, não sentindo nenhum impedimento, ele então procura os irmãos mais velhos para falar sobre o seu sentimento; após a comunhão, ele continua sem sentir algum impedimento e abre a questão para os demais irmãos. Os irmãos então oram e compartilham seu sentimento a respeito do assunto, concordando que Evangelismo seria mais interessante. A decisão é tomada pela igreja. Nesse exemplo, o irmão que tem o dom de liderar usou seu dom para ter iniciativa e levou a questão ao Corpo; os irmãos então decidem fazer isso ou aquilo e se tornam responsáveis por sua decisão. Pode parecer um pouco complicado ou demorado, mas cremos que isso é uma espécie de proteção para a igreja, onde as responsabilidades são compartilhadas por todos.
Também é importante notar como o Senhor tratou a questão da liderança entre os gentios (Mt 20:25-28 e Lc 22:25-26) e a questão da liderança no meio religioso judaico (Mt 23:8-12).
Tanto no caso dos gentios, como na questão religiosa, há um sistema hierárquico de obediência e relação de poder. O Senhor, aos Seus discípulos, deixou claro que seus discípulos não adotariam nem o modelo gentio, nem o modelo religioso – NÃO SERÁ ASSIM ENTRE VÓS. Na Nova Aliança, todos vão diretamente a Jesus e Ele é o líder presente. Entre os gentios, eles precisam ir aos governantes para resolver seus problemas. Entre os discípulos, eles vão a Cristo resolver suas questões. Entre os religiosos, eles iam os rabinos ou mestres para saber o que Deus pensava a respeito de determinada questão. Entre os discípulos, nós vamos a Cristo para saber o que Deus pensa, uma vez que Ele e o Pai são um (Jo 10:30).
Nas reuniões das igrejas neotestamentárias incentiva-se a participação de todos, com base principalmente em 1 Cor. 14.26. Não há liturgias fixas nas reuniões, mas geralmente adora-se a Deus com música, poesia ou orações, estuda-se a Bíblia, compartilham-se testemunhos e experiências e, nas Ceias, compartilha-se o alimento. Os dias e horários de reuniões de cada comunidade são decididos pelos seus membros. Não se cobram dízimos e às vezes são levantadas ofertas para os necessitados ou para eventos e projetos da própria comunidade.

Denominação “igreja”: Sobre a liturgia, ela é bíblica e os adeptos da igreja orgânica, citando 1º Coríntios 14.26,27, deram um tiro no próprio pé, pois o que Paulo fez é uma ordem litúrgica:

Resposta: Impressionantemente, não há no Novo Testamento nenhuma liturgia descrita ou indicada, nem mesmo um padrão ritualístico que possa ser imitado. Sabemos pelo livro de Atos que eles comiam juntos em suas casas e que “partiam o pão”. Além disso, sabemos que oravam e estudavam a “doutrina dos apóstolos”. Mas, não sabemos se comiam no começo das reuniões, no meio ou no fim delas, nem se o momento do estudo bíblico era antes ou depois das refeições ou das orações.
A melhor pista que temos a respeito do que acontecia nas reuniões das igrejas do primeiro século é encontrada em 1 Coríntios 14.26-33, que diz:
“Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em uma língua ou uma interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja. Se, porém, alguém falar em língua, devem falar dois, no máximo três, e alguém deve interpretar. Se não houver intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus.
Tratando-se de profetas, falem dois ou três, e os outros julguem cuidadosamente o que foi dito. Se vier uma revelação a alguém que está sentado, cale-se o primeiro. Pois vocês todos podem profetizar, cada um por sua vez, de forma que todos sejam instruídos e encorajados. O espírito dos profetas está sujeito aos profetas. Pois Deus não é Deus de desordem, mas de paz.”
Nesta passagem, dá para sabermos o que acontecia nas reuniões das igrejas bíblicas. Cada pessoa podia compartilhar, durante a reunião da igreja, um salmo (uma música), uma palavra de instrução, ou uma revelação (ou profecia). Como ainda não havia presbíteros naquela igreja à época que Paulo escreveu esta carta, ele recomendou que todos os que não eram profetas deviam julgar as profecias dadas pelos que tinham este dom, para que não ocorressem profecias falsas. Um irmão poderia dar uma palavra em uma língua estranha, desde que fosse acompanhada pela adequada interpretação. Cada um podia usar seus próprios dons nas reuniões da igreja! E todos os irmãos deveriam participar, sendo um de cada vez, com ordem, conforme a orientação do Apóstolo, “pois Deus não é Deus de confusão”.
Um quadro bem diferente do que se vê nas congeladas liturgias das igrejas chamadas de históricas, ou nas liturgias tipo “feira-livre” das igrejas ditas pentecostais.
O que acontecia primeiro? Bem, se esta passagem expressa uma liturgia da igreja primitiva, uma seqüência de ações que aconteciam de forma padronizada nas reuniões das igrejas, a liturgia era:
1. Músicas ou poesias. Cânticos eram entoados por alguns irmãos ou poemas eram declamados, enquanto os outros ouviam.
2. Pregações ou estudos bíblicos diversos. Ministrados por quaisquer irmãos que tivessem algo a compartilhar, e não só pelos presbíteros-pastores ou diáconos.
3. Profecias. Duas ou três pessoas a cada reunião, dotadas com o dom espiritual da profecia, podiam profetizar, uma após a outra. E os outros precisavam julgar o conteúdo das profecias dadas (talvez como os Bereanos faziam, auditando-as segundo as Escrituras!).
4. Línguas. Os que tinham o dom espiritual de falar outras línguas, faziam uso dele, se, e somente se, tivesse quem as interpretasse.

Antes ou depois dessas coisas, talvez fossem realizadas as refeições e as orações. Em algum momento da reunião, também ocorria o recolhimento de ofertas para os necessitados e para o sustento dos apóstolos-missionários.

Que liturgia fantástica! Uma pessoa incrédula que visitasse uma igreja que se reunisse assim ficaria impressionada (ou escandalizada)! Ou se converteria ou odiaria de vez os cristãos.

Por outro lado, caso a passagem não expresse uma liturgia fixa, temos aí listadas apenas as suas práticas, que podiam ocorrer em ordens variadas nas reuniões. Se era assim, nenhuma reunião era igual à outra, em termos de liturgia. E mais, talvez não aconteciam todas essas práticas em todas as reuniões.
Assim, apesar de organizada, ou a igreja primitiva não tinha uma liturgia pré-fixada para suas reuniões, ou ela tinha uma liturgia bastante flexível e, principalmente, completamente participativa.
Não há uma só indicação, no Novo Testamento, da liturgia engessada como vemos nas igrejas institucionais de hoje. Essas liturgias são mais ou menos assim:

• Oração inicial – feita por uma “autoridade eclesiástica” do “clero”.
• Música – dirigida pelos “ministros de música”;
• Recolhimento de ofertas e dízimos – feito geralmente pelos diáconos;
• Oração de consagração pelas ofertas e dízimos – feita por autoridades da igreja;
• Pregação do sacerdote ou pastor;
• Apelo;
• Ceia do Senhor (em alguns dias), cujos elementos (pão e vinho) são primeiro consagrados por presbíteros e depois distribuídos também por eles. Nas igrejas católicas, a distorção neste ponto é ainda maior.
• Cântico final – dirigido pelo pastor.
• Oração final (geralmente de bênção “apostólica”).
Como se chegou a este tipo de liturgia? Isto não dá para abordar neste artigo. Aliás, não preciso escrever sobre isto. Leia o livro Cristianismo Pagão de Frank Viola e você descobrirá[1]. Mas é visível a diferença litúrgica entre as participativas e vibrantes reuniões da igreja primitiva nas casas e das seletivas e congeladas reuniões das igrejas de hoje, nos templos. Se um cristão primitivo viajasse no tempo e chegasse numa igreja de hoje, teria um ataque nervoso. Talvez, tomasse a palavra do pastor ou do padre e, aos gritos, chamasse a atenção de todos para voltar às origens, em nome de Jesus.
Somente uma pequena parte das pessoas na moderna igreja institucional atua nas suas reuniões – o “clero”, enquanto a maior parte das pessoas apenas assiste passivamente, ou recebe o “serviço”, (como os americanos do norte chamam o culto). Um modelo que minora este aspecto seletivo elitista clerical nas igrejas institucionais é o que chamam de rede ministerial. Porém, este modelo nem chega perto das reuniões da igreja primitiva. Aliás, é um modelo inspirado no Velho Testamento. Mais uma vez o odre velho!
Enfim, o modelo encontrado no Novo Testamento, o modelo bíblico de igreja, no tocante à liturgia não é o institucional; é o modelo das igrejas nos lares.

Denominação “igreja”: Sim, tais pastores têm que ser pais de família (1º Tm 3.1-6). Já sobre o pastor ser "velho", por achar que a idade cria experiência, engano (O temor do SENHOR é o princípio do conhecimento. Pv 1.7) Timóteo, filho na fé de Paulo, era jovem e pastor (1º Tm 4.12). Ser pastor não é ser voluntário como em uma ONG. Ser pastor é um chamado Divino, um dom dado por Deus. Paulo aos Efésios deixa isso bem claro: "E ele deu uns [para] pastores" (Efésios 4.11).

Resposta: Não há dúvida de que os primeiros líderes cristãos foram os apóstolos. Quem eram eles? Os primeiros apóstolos foram os onze discípulos mais chegados de Jesus, e depois, Matias integrou o grupo “A12[1]”. Eles atuaram primeiro em Jerusalém e depois muitos deles saíram a pregar o Evangelho e implantar igrejas em outros países do mundo antigo. Outros se somaram aos doze, de sorte que no Novo Testamento encontramos muitas referências a outros homens como sendo também apóstolos (Paulo, Apolo, Barnabé, Tiago etc.).
Eles eram, em suas missões, tais quais os missionários de hoje. Obreiros viajantes, itinerantes, sem estarem estabelecidos em uma só cidade. Ficavam em uma cidade somente o tempo necessário para plantar algumas igrejas, nas casas de “homens de paz”. Os apóstolos eram enviados pela igreja onde se congregavam inicialmente, e plantavam igrejas aonde eram enviados.
Somente a igreja em Jerusalém e a de Antioquia (na Síria) começaram sem o trabalho de um apóstolo. Jerusalém, porque a igreja ali começou quando o Espírito Santo desceu sobre os irmãos. Antioquia, porque a igreja ali foi formada pelos que fugiram de Jerusalém e lá se estabeleceram. Paulo era da igreja de Antioquia e depois se tornou apóstolo, enviado aos gentios (não judeus), juntamente com Barnabé.
Depois que uma igreja estava iniciada, com poucos meses, o apóstolo deixava aquela cidade e partia para outra. Corinto foi a igreja que deu mais trabalho a Paulo em sua implantação e ali ele demorou dezoito meses. Só dezoito meses numa igreja complicada como aquela? Sim. E com quem ficava a igreja recém fundada? É exatamente aqui onde muitas pessoas pensam equivocadamente que as igrejas eram diferentes, nas diferentes cidades, quanto à organização, especialmente quanto à liderança, pois encontramos nas cartas neo-testamentárias que algumas igrejas tinham presbíteros (como a de Éfeso), outras eram diretamente dirigidas pelos apóstolos, e outras pelos companheiros apostólicos de Paulo (Silas, Timóteo, Tito e outros, chamados equivocadamente de “pastores”).
Porém, o fato é que todas as igrejas tinham a mesmo tipo de liderança nos momentos certos de suas vidas. Em outras palavras, todas (com exceção de Jerusalém e Antioquia) foram fundadas por apóstolos. Todas eram orientadas no início por cartas e eventuais visitas dos seus fundadores – apóstolos. Em todas elas, os presbíteros[2] só surgiam depois de alguns anos. Os presbíteros eram homens locais, maduros, tanto na idade, quanto no Evangelho. Esses não eram sustentados pela igreja da cidade, a não ser, talvez, com raras exceções[3].
Como poderia haver anciãos em uma igreja que tinha apenas poucos meses de vida? Impossível. Aí muitos dizem: “por isso, nessas igrejas onde não havia ainda presbíteros, eram indicados pastores ‘de fora’ para liderá-la.” Errado. Nas igrejas onde ainda não havia surgido um colegiado de presbíteros, os apóstolos cuidavam diretamente das igrejas, como já dissemos, por meio de cartas e com eventuais visitas. O que você acha que as cartas apostólicas estão fazendo no Novo Testamento? Elas contém a orientação dada para certas igrejas, de seus apóstolos plantadores. Essas orientações inspiradas foram guardadas como Escritura e nos abençoam ainda hoje.
Mas e Timóteo e Tito, não eram pastores? Não. Eles eram companheiros apostólicos de Paulo. Jovens trainees (ou estagiários) de Paulo. Futuros apóstolos. Eles não eram homens locais, estabelecidos em uma cidade. Nem sequer eram maduros na idade. Eram também viajantes, itinerantes como Paulo. Aliás, não existe no Novo Testamento essa figura de pastor (ou padre) como a conhecemos hoje, um funcionário local de uma igreja, com sustento integral e autoridade eclesiástica especial sobre os membros da igreja. As cartas de Paulo a Timóteo e a Tito trataram de orientar a esses jovens futuros apóstolos sobre as visitas eventuais que eles fariam em algumas igrejas (Timóteo a Éfeso e Tito a Creta), para cuidar delas enquanto não havia surgido nelas os presbíteros-pastores. Uma típica missão apostólica.
Então, com quem ficava a igreja recém fundada? Com os próprios irmãos, com Jesus Cristo como Cabeça e Pastor Supremo, com o Espírito Santo e com a assembléia, como Corpo de Cristo, tomando as decisões. Mas o apóstolo fundador da igreja não a abandonava. Como já foi dito, ele a visitava eventualmente e escrevia cartas para orientá-la enquanto não apareciam os “anciãos” daquela cidade.
Quando surgiam os presbíteros, o pastoreio das igrejas (nas casas) de uma cidade era confiado a eles. A todos eles. Quando surgiram presbíteros em Éfeso, Paulo os chamou e orientou (Atos 20.17-22). Paulo os responsabilizou totalmente pelo pastoreio das igrejas em Éfeso. Disse ainda que jamais iria lá novamente. Note que não houve menção ou destaque de nenhum deles como “o pastor” ou “pastor-presidente” ou “presbítero-regente”. Todos os anciãos de lá eram os pastores da igreja da cidade. Um colegiado, não “um pastor”. Um colegiado sem presidente.
É importante ressaltar que pastorear é cuidar, e não mandar. É essencialmente orientar e vigiar para que as ovelhas não se percam e o inimigo não as destrua. Pastorear é essencialmente ensinar, vigiar e cuidar. Funções que não trazem em si nenhum aspecto de autoridade oficial ou cargo, que requeira obediência legal, semelhante às autoridades do mundo. Se refletirmos nas atividades de um pastor de ovelhas, usado no Novo Testamento como metáfora do trabalho dos presbíteros, entenderemos melhor o que eles são. No interior do estado do Ceará é falado o verbo “pastorar”. Obviamente, percebe-se que é uma pronúncia errada do verbo pastorear. Os meninos que vigiam carros estacionados nas ruas pedem aos donos para “pastorar” os seus veículos. Em outras palavras, eles pedem para vigiar os veículos, em troca de alguns centavos. E o que eles fazem? Nada. Só olham para que ninguém mexa ou roube os carros de seus “patrões”. A simples presença deles inibe os ladrões. Pastorear é uma função e não um cargo. E é uma função muito mais passiva do que ativa. Interessantemente, o outro termo usado no Novo Testamento para os anciãos é epískopo. Epíscopo, ou Bispo, significa etimologicamente “vigia”, ou se preferir, “supervisor”. Um supervisor não faz a obra, mas supervisiona (ou audita) o que outros fazem, para garantir que o trabalho não se afaste dos objetivos definidos por quem o solicitou. Sua função é avisar quando algo estranho acontece. Uma função passiva.
E todas as igrejas com o tempo, deveriam ser “pastoradas” por um conjunto de presbíteros/bispos. Sem exceção. Era esta a orientação e a tradição dos apóstolos, inspirados pelo Espírito Santo.
Quando lemos no Novo Testamento que algumas igrejas tinham presbíteros e outras não, é porque as cartas foram escritas em anos diferentes no primeiro século. Algumas igrejas eram mais novas e não tinham presbíteros ainda. Outras eram mais antigas e já contavam com presbíteros e diáconos. É importante perceber que nenhuma igreja tinha somente um presbítero-pastor, ou mesmo um dos presbíteros com autoridade superior aos demais. Só se tem notícia desse tipo de distorção de liderança cristã a partir do segundo século, ao ler os escritos dos chamados “pais da igreja” do segundo século (Inácio de Antioquia, Justino Mártir e outros). No primeiro século, ou seja, na Bíblia, as igrejas ou eram lideradas por um colegiado de presbíteros, ou diretamente pelos apóstolos, quando ainda imaturas.
Havia também os diáconos – homens igualmente experimentados na fé, cuja missão era coordenar e servir as Ceias do Senhor em suas igrejas, como garçons, bem como dar assistência aos necessitados.

Assim, a micro-estrutura organizacional das igrejas bíblicas era apenas os irmãos e irmãs, e dentre eles (nas igrejas mais antigas) os presbíteros e diáconos, todos num mesmo nível, porém com diferentes funções. Não havia hierarquia. O Senhor Jesus condenou claramente a hierarquia no meio da sua igreja, quando disse “Entre vós não será assim.” (Mateus 20:25-27). Ninguém representava a igreja sozinho, nem mesmo o colegiado de presbíteros, nem se este se juntasse com os apóstolos visitantes. Veja que a igreja toda tomou a decisão no concílio de Jerusalém. A igreja toda (os irmãos, as irmãs, os presbíteros e os apóstolos). Ninguém manda na igreja, a não ser o Cabeça – Jesus Cristo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário