Com a ajuda de alguns irmãos respondi a tentativa de refutação das práticas que se harmonizam com a doutrina da igreja neotestamentária. Solon mariano
Refutando as doutrinas das igrejas orgânicas. Veja no Blog Abaixo:
http://superandoasheresias.blogspot.com.br/2013/05/refutando-as-doutrinas-das-igrejas.html
Denominação “igreja”: Temos que entender o motivo do por que. Não se
podia ter igrejas (templos) construídos na época dos apóstolos até o fim de 380
d.C com a oficialização da religião do império.
Resposta: Quando dizem que a
Igreja Primitiva não construíam templos por causa da perseguição, é porque não
notam esse versículo: (AT.9.31)ou seja,houve tempo em que não havia perseguição
e ,mesmo assim ,não construíram templos,continuaram nas casas. A igreja passou
300 anos congregando assim até que se corrompeu influenciada pelo imperador
romano Constantino que,dizendo-se cristão começou a trazer as crenças e práticas
pagãs para a igreja,inclusive os templos,e o resultado de tudo isso foi a
igreja católica apostólica romana com toda a sua idolatria.Mais tarde, a
reforma iniciada por Martinho Lutero foi insuficiente,pois a pratica de se
reunir em templos continuou entre os reformadores e permanece até hoje no meio
evangélico.Isso mostra que o costume das igrejas de congregar em templos veio
do paganismo.
Denominação “igreja”: A forma que estão aplicando as ofertas é bíblico,
e isso eu reconheço (Tg 1.27; 1º Tm 5.16). Mas dizer que as ofertas não são
para a manutenção de templos e salários dos ministros, é antibíblico. Vejamos
algumas passagens que nos provam ao contrário:
"Trazei todos os dízimos
à casa do tesouro, para que haja MANTIMENTO na minha casa, e depois fazei prova
de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos," (Malaquias 3.10 - ênfase do
autor).
Resposta: O
dízimo é uma ordenança da lei para Israel,não para a igreja
(HB.7.5;NM.18.21,25) A quem Malaquias está se dirigindo no capítulo 3? É claro
que é a Israel (ML.3.9).Mas alguém pode dizer que o dízimo é antes da lei, pois
Abraão e Jacó deram o dízimo (GN.14.18-20;28.20-22). Na verdade é, mas não como
um mandamento divino. Em ambos os casos está claro que eles decidiram dar por
iniciativa própria (não foi Deus quem mandou). E mais, no caso de Abraão, ele
só deu essa vez e nunca mais. Diferente de hoje que, se dá mensalmente. E no
caso de Jacó, foi um voto que ele fez. E a Bíblia não mostra Isaque, José, ou
qualquer outro santo que viveu antes da lei, dando dízimos. Ou pode dizer que
Jesus mandou dar o dízimo em MT.23.23 e LC.11.42.Todavia ele estava falando
para os fariseus que eram judeus e viviam na lei,e não para os seus seguidores
(GL.3.10,13). Além de ser para sustento da tribo de Levi que, não tinha herança
em Israel, o dízimo era também para sustento dos necessitados (DT.26.12).
Não há nenhuma referência
bíblica de que havia dízimos na igreja primitiva. O que havia era ofertas para
a assistência dos irmãos nas suas necessidades(AT.11.29;1CO.16.1-3;2CO.9.1,2,7-9;1TM.5.16).
Isso prova que dízimo não é mandamento para os cristãos.
Curiosamente, nas Escrituras
as pessoas vendiam suas terras para alimentar os pobres da Igreja. Hoje, a
Igreja pede dinheiro ao pobre para comprar terras, gastando mais dinheiro com
estruturas eclesiásticas do que com os necessitados. Não seria esta uma
inversão de prioridades?
VEJA MAS SOBRE OS DÍZIMOS EM:
http://adoradoreslivres.net/dizimo.html
Denominação “igreja”: "Os presbíteros que governam bem sejam tidos
por dignos de duplicada honra, especialmente os que labutam na pregação e no
ensino. 18 Porque diz a Escritura: Não atarás a boca ao boi quando debulha. E:
Digno é o trabalhador do seu salário." (1ª Timóteo 5.17,18)
Resposta:
A má aplicação do ditado bíblico: Digno é o obreiro de seu salário (LC.10.7).Na
verdade, a bíblia dá respaldo para que obreiros vivam do
evangelho(1.CO.9.4-6,14;GL.6.6;1TM.5.17,18),mas vamos ver,segundo a bíblia,o
que é o salário do obreiro:Em LC.10.1-7,Jesus manda seus discípulos pregar nas
cidades e diz-lhes para não levarem provisão para a viagem(v.4),pois na casa
que os recebessem, eles teriam comida e bebida (v.7),e em MT.10.10 que fala da
mesma situação,em vez de salário,está escrito alimento.
Aqui está claro que o salário
do obreiro é o suprimento de suas necessidades básicas. (comparar com 1CO.9.4 e
FP.4.16). Ainda assim o apóstolo Paulo disse que abria mão desse direito para
não servir de tropeço ao evangelho(1CO.9.12). Já os pastores de hoje tiram
altos salários para manter uma vida de luxo,enquanto que algumas de suas
ovelhas não tem nem o que comer em casa.O próprio Paulo condena isso em
1TM.6.5-10).
Denominação “igreja”: A pessoa responsável por trazer a mensagem e/ou o
ensinamento era e é o presbítero (pastor). Não existe base bíblica para que não
haja uma hierarquia eclesiástica, pois a Bíblia nos mostra claramente que havia
os apóstolos (homens que andaram com Jesus) e diáconos (homens encarregados de
servi a mesa (Atos 6). Quanto a oração não há restrição bíblica para que haja
na igreja, conquanto que seja com ordem e decência. A onde que os apóstolos
ensinaram que temos que ficar recitando poesia dentro da igreja?
Resposta:
Tudo o que está no Novo Testamento foi registrado com um propósito e Deus foi e
é soberano para conduzir o registro conforme seu Plano Eterno. No Novo
Testamento, o mesmo princípio se apresenta, com acréscimo de que, tanto em
Atos, como nas Epístolas, há registros de como os irmãos viviam dentro de sua
cultura, seja judaica, seja grega, e, mesmo assim, estavam cultivando um
relacionamento com o Pai, em Cristo, pelo Espírito. A consideração desse pano
de fundo, chamada por alguns de “contextualização”, é essencial para se
entender o Novo Testamento. Além disso, cada versículo do Novo Testamento
precisa estar alinhado com as palavras de Jesus e com a revelação principal da
Nova Aliança: nos corações o Senhor vai imprimir as suas leis, isto é, Deus
quer se envolver com o homem, através de Dispensar Cristo para o nosso
interior, transformando-nos como a seiva de uma árvore transforma um galho
enxertado.
Bem, voltando à questão
inicial. Para entender a questão de autoridade na igreja, precisamos
primeiramente responder a seguinte pergunta: o Senhor Jesus, o mesmo que disse
que edificaria Sua igreja, continua no nosso meio? Se a resposta for positiva,
então Ele e somente Ele é a autoridade entre nós. Ninguém mais tem essa
autoridade. Ele não delegou essa autoridade a quem quer que seja. Agora, se Ele
não mais está no nosso meio, então é possível questionar se alguém recebeu
alguma “delegação” dele, por quanto tempo e em que circunstâncias.
Particularmente, penso que o Senhor continua entre nós, como Ele prometeu nos
Evangelhos (Mt 28:20). Comento isso, só para introduzir a questão de que
presbíteros, pastores e bispos não são autoridade na igreja, pois a autoridade
é Jesus. Com relação ao significado dessas palavras, vejamos:
– Bispo: sinônimo de
presbítero (At 20:17, 28)
– Presbítero: significa ancião
a partir da transliteração do grego
– Ancião: pessoa
espiritualmente madura ou experimentada
– Pastor: um dom ou função,
assim como evangelista, mestre, apóstolo, ou qualquer outro dom (Ex.: Romanos
12 e 1 Coríntios 12)
Colocados os conceitos nos
devidos lugares, então, o que podemos questionar é se um ancião exerce
liderança na igreja. Como mencionado acima, a liderança da igreja cabe a
Cristo, o cabeça e a ninguém mais. Mas então qual é a função do ancião? Quando
o Novo Testamento fala de ancião, ele não está mencionando uma função, mas sim
uma pessoa mais velha (função e pessoa são assuntos bem diferentes). Agora, em
que uma pessoa mais velha pode ser útil no meio dos irmãos? Em muitas áreas,
especialmente no aconselhamento dos novos e como exemplo de fé e dedicação ao
Senhor. Um irmão vai diante de Deus e entende que deva abandonar a profissão e
seguir o Senhor como Evangelista. No entanto, ele não tem certeza absoluta
disso. Uma das coisas que ele pode fazer e procurar um ancião e verificar o que
o irmão percebe sobre esse assunto. Espera-se que um ancião, de fato, tenha
experimentado muitas situações do ponto de vista humano (educação, casamento,
trabalho, criação de filhos, estudo da Palavra etc.), assim com tenha
experimentado Cristo na Sua vida, aprendendo as dolorosas lições da Cruz.
Normalmente o ancião não dará uma resposta positiva ou negativa, mas
possivelmente contar algumas experiências, sejam suas ou de outros irmãos…
João em Sua epístola diz que
os Pais conhecem Aquele que é desde o princípio (1 Jo 2:13) – isto é, os
anciãos tem muitas experiências com Deus desde o início da sua fé e assim
poderiam orientar os mais jovens que estiverem passando por experiências
similares. Assim, quanto mais experiências tiver um ancião, mais útil seus
conselhos serão. Isso nada tem a ver com dirigir os irmãos. Tem a ver com amar
os irmãos e, assim como um avô orienta um filho adulto, um ancião poderia
orientar os irmãos que o procurarem. A orientação do Senhor é levarmos os pés
uns dos outros; é nos humilharmos; é servimos aos outros como escravos – Como
pode um escravo exercer liderança ou impor algo a alguém? Esse princípio é
vital para entender a liderança no Novo Testamento (Jo 13:14-16, Rm 12:10; Ef
5:21).
Cremos que um ancião, assim
como qualquer irmão, pode ter um ou mais dons, um ou mais ministérios. Um jovem
pode ter o dom de pastorear e um ancião pode ter o dom de hospedar. Deus distribuiu
os dons no Corpo conforme lhe aprouve (1 Co 12:18). Em um viver normal da
igreja, espera-se que um irmão mais maduro espontaneamente tenha um cuidado em
amor dos mais novos (1 Pe 5:1-2), mas isso não significa que todo ancião deva
apascentar e pastorear os irmãos. Entendemos que o amor que é a expressão da
vida deveria ser mais evidente entre os mais velhos, naqueles que
experimentaram mais tempo e em mais situações o amor de Deus, principalmente na
sociedade individualista e egocêntrica em que vivemos. Deveria ser dos anciãos
a iniciativa de visitar os irmãos, orar por eles, entender seus conflitos e
lutas e lutar com eles. Infelizmente, muitos deveriam ser anciãos, ainda
aguardam ser cuidados pelos outros, quando na realidade deveriam sair de suas
casas confortáveis e pastorear o rebanho de Deus.
Outra questão interessante
acerca dos dons ou função, diz respeito ao dom de presidir ou liderar (Rm
12:8). Muitos, erroneamente, associam o dom de pastor ao do de presidir. Ora,
não faz sentido associar dois dons se não vemos no NT qualquer relação entre
eles. Se alguém, por exemplo, discutisse a relação entre o ancião (pessoa) e o
dom (função) de liderar, tudo bem, poderíamos discutir essa questão.
Quanto ao dom de presidir,
esse dom possivelmente tem relação com a capacidade de tomar iniciativas. Por
exemplo, Pedro, nos Evangelhos, por causa da sua própria natureza, tomou
iniciativa em várias ocasiões. Segundo a direção do Espírito, alguns irmãos
podem ter recebido o dom de tomar iniciativa. Isso é absolutamente normal em um
viver comunitário. Tomar a iniciativa, entretanto, não significa tomar decisões
pelos outros (tomar a iniciativa e tomar decisões são coisas diferentes). Na
vida da igreja, conforme tratado no Novo Testamento, as decisões são tomadas por
todos os irmãos e não por uma pessoa ou grupo de pessoas.
Paulo exorta que quem tem esse
dom deve exercer com CUIDADO, ZELO ou DILIGÊNCIA (dependo da versão utilizada).
Um irmão que tem o dom de liderar, por exemplo, sente que deva marcar uma
reunião de evangelismo ou sente vontade de convidar os irmãos para um
acampamento, em um feriado prolongado. Ele ora acerca do assunto e, não
sentindo nenhum impedimento, ele então procura os irmãos mais velhos para falar
sobre o seu sentimento; após a comunhão, ele continua sem sentir algum
impedimento e abre a questão para os demais irmãos. Os irmãos então oram e
compartilham seu sentimento a respeito do assunto, concordando que Evangelismo
seria mais interessante. A decisão é tomada pela igreja. Nesse exemplo, o irmão
que tem o dom de liderar usou seu dom para ter iniciativa e levou a questão ao
Corpo; os irmãos então decidem fazer isso ou aquilo e se tornam responsáveis
por sua decisão. Pode parecer um pouco complicado ou demorado, mas cremos que
isso é uma espécie de proteção para a igreja, onde as responsabilidades são
compartilhadas por todos.
Também é importante notar como
o Senhor tratou a questão da liderança entre os gentios (Mt 20:25-28 e Lc
22:25-26) e a questão da liderança no meio religioso judaico (Mt 23:8-12).
Tanto no caso dos gentios,
como na questão religiosa, há um sistema hierárquico de obediência e relação de
poder. O Senhor, aos Seus discípulos, deixou claro que seus discípulos não
adotariam nem o modelo gentio, nem o modelo religioso – NÃO SERÁ ASSIM ENTRE
VÓS. Na Nova Aliança, todos vão diretamente a Jesus e Ele é o líder presente.
Entre os gentios, eles precisam ir aos governantes para resolver seus
problemas. Entre os discípulos, eles vão a Cristo resolver suas questões. Entre
os religiosos, eles iam os rabinos ou mestres para saber o que Deus pensava a
respeito de determinada questão. Entre os discípulos, nós vamos a Cristo para
saber o que Deus pensa, uma vez que Ele e o Pai são um (Jo 10:30).
Nas reuniões das igrejas
neotestamentárias incentiva-se a participação de todos, com base principalmente
em 1 Cor. 14.26. Não há liturgias fixas nas reuniões, mas geralmente adora-se a
Deus com música, poesia ou orações, estuda-se a Bíblia, compartilham-se
testemunhos e experiências e, nas Ceias, compartilha-se o alimento. Os dias e
horários de reuniões de cada comunidade são decididos pelos seus membros. Não
se cobram dízimos e às vezes são levantadas ofertas para os necessitados ou
para eventos e projetos da própria comunidade.
Denominação “igreja”: Sobre a liturgia, ela é bíblica e os adeptos da
igreja orgânica, citando 1º Coríntios 14.26,27, deram um tiro no próprio pé,
pois o que Paulo fez é uma ordem litúrgica:
Resposta:
Impressionantemente, não há no Novo Testamento nenhuma liturgia descrita ou
indicada, nem mesmo um padrão ritualístico que possa ser imitado. Sabemos pelo
livro de Atos que eles comiam juntos em suas casas e que “partiam o pão”. Além
disso, sabemos que oravam e estudavam a “doutrina dos apóstolos”. Mas, não
sabemos se comiam no começo das reuniões, no meio ou no fim delas, nem se o
momento do estudo bíblico era antes ou depois das refeições ou das orações.
A melhor pista que temos a
respeito do que acontecia nas reuniões das igrejas do primeiro século é
encontrada em 1 Coríntios 14.26-33, que diz:
“Quando vocês se reúnem, cada
um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma
palavra em uma língua ou uma interpretação. Tudo seja feito para a edificação
da igreja. Se, porém, alguém falar em língua, devem falar dois, no máximo três,
e alguém deve interpretar. Se não houver intérprete, fique calado na igreja,
falando consigo mesmo e com Deus.
Tratando-se de profetas, falem
dois ou três, e os outros julguem cuidadosamente o que foi dito. Se vier uma
revelação a alguém que está sentado, cale-se o primeiro. Pois vocês todos podem
profetizar, cada um por sua vez, de forma que todos sejam instruídos e
encorajados. O espírito dos profetas está sujeito aos profetas. Pois Deus não é
Deus de desordem, mas de paz.”
Nesta passagem, dá para
sabermos o que acontecia nas reuniões das igrejas bíblicas. Cada pessoa podia
compartilhar, durante a reunião da igreja, um salmo (uma música), uma palavra de
instrução, ou uma revelação (ou profecia). Como ainda não havia presbíteros
naquela igreja à época que Paulo escreveu esta carta, ele recomendou que todos
os que não eram profetas deviam julgar as profecias dadas pelos que tinham este
dom, para que não ocorressem profecias falsas. Um irmão poderia dar uma palavra
em uma língua estranha, desde que fosse acompanhada pela adequada
interpretação. Cada um podia usar seus próprios dons nas reuniões da igreja! E
todos os irmãos deveriam participar, sendo um de cada vez, com ordem, conforme
a orientação do Apóstolo, “pois Deus não é Deus de confusão”.
Um quadro bem diferente do que
se vê nas congeladas liturgias das igrejas chamadas de históricas, ou nas
liturgias tipo “feira-livre” das igrejas ditas pentecostais.
O que acontecia primeiro? Bem,
se esta passagem expressa uma liturgia da igreja primitiva, uma seqüência de
ações que aconteciam de forma padronizada nas reuniões das igrejas, a liturgia
era:
1. Músicas ou poesias.
Cânticos eram entoados por alguns irmãos ou poemas eram declamados, enquanto os
outros ouviam.
2. Pregações ou estudos
bíblicos diversos. Ministrados por quaisquer irmãos que tivessem algo a
compartilhar, e não só pelos presbíteros-pastores ou diáconos.
3. Profecias. Duas ou três
pessoas a cada reunião, dotadas com o dom espiritual da profecia, podiam
profetizar, uma após a outra. E os outros precisavam julgar o conteúdo das
profecias dadas (talvez como os Bereanos faziam, auditando-as segundo as
Escrituras!).
4. Línguas. Os que tinham o
dom espiritual de falar outras línguas, faziam uso dele, se, e somente se,
tivesse quem as interpretasse.
Antes ou depois dessas coisas,
talvez fossem realizadas as refeições e as orações. Em algum momento da
reunião, também ocorria o recolhimento de ofertas para os necessitados e para o
sustento dos apóstolos-missionários.
Que liturgia fantástica! Uma
pessoa incrédula que visitasse uma igreja que se reunisse assim ficaria
impressionada (ou escandalizada)! Ou se converteria ou odiaria de vez os
cristãos.
Por outro lado, caso a
passagem não expresse uma liturgia fixa, temos aí listadas apenas as suas
práticas, que podiam ocorrer em ordens variadas nas reuniões. Se era assim,
nenhuma reunião era igual à outra, em termos de liturgia. E mais, talvez não
aconteciam todas essas práticas em todas as reuniões.
Assim, apesar de organizada,
ou a igreja primitiva não tinha uma liturgia pré-fixada para suas reuniões, ou
ela tinha uma liturgia bastante flexível e, principalmente, completamente
participativa.
Não há uma só indicação, no
Novo Testamento, da liturgia engessada como vemos nas igrejas institucionais de
hoje. Essas liturgias são mais ou menos assim:
• Oração inicial – feita por
uma “autoridade eclesiástica” do “clero”.
• Música – dirigida pelos
“ministros de música”;
• Recolhimento de ofertas e
dízimos – feito geralmente pelos diáconos;
• Oração de consagração pelas
ofertas e dízimos – feita por autoridades da igreja;
• Pregação do sacerdote ou
pastor;
• Apelo;
• Ceia do Senhor (em alguns
dias), cujos elementos (pão e vinho) são primeiro consagrados por presbíteros e
depois distribuídos também por eles. Nas igrejas católicas, a distorção neste
ponto é ainda maior.
• Cântico final – dirigido
pelo pastor.
• Oração final (geralmente de
bênção “apostólica”).
Como se chegou a este tipo de
liturgia? Isto não dá para abordar neste artigo. Aliás, não preciso escrever
sobre isto. Leia o livro Cristianismo Pagão de Frank Viola e você
descobrirá[1]. Mas é visível a diferença litúrgica entre as participativas e
vibrantes reuniões da igreja primitiva nas casas e das seletivas e congeladas
reuniões das igrejas de hoje, nos templos. Se um cristão primitivo viajasse no
tempo e chegasse numa igreja de hoje, teria um ataque nervoso. Talvez, tomasse
a palavra do pastor ou do padre e, aos gritos, chamasse a atenção de todos para
voltar às origens, em nome de Jesus.
Somente uma pequena parte das
pessoas na moderna igreja institucional atua nas suas reuniões – o “clero”,
enquanto a maior parte das pessoas apenas assiste passivamente, ou recebe o
“serviço”, (como os americanos do norte chamam o culto). Um modelo que minora
este aspecto seletivo elitista clerical nas igrejas institucionais é o que
chamam de rede ministerial. Porém, este modelo nem chega perto das reuniões da
igreja primitiva. Aliás, é um modelo inspirado no Velho Testamento. Mais uma
vez o odre velho!
Enfim, o modelo encontrado no
Novo Testamento, o modelo bíblico de igreja, no tocante à liturgia não é o
institucional; é o modelo das igrejas nos lares.
Denominação “igreja”: Sim, tais pastores têm que ser pais de família (1º
Tm 3.1-6). Já sobre o pastor ser "velho", por achar que a idade cria
experiência, engano (O temor do SENHOR é o princípio do conhecimento. Pv 1.7)
Timóteo, filho na fé de Paulo, era jovem e pastor (1º Tm 4.12). Ser pastor não
é ser voluntário como em uma ONG. Ser pastor é um chamado Divino, um dom dado
por Deus. Paulo aos Efésios deixa isso bem claro: "E ele deu uns [para]
pastores" (Efésios 4.11).
Resposta:
Não há dúvida de que os primeiros líderes cristãos foram os apóstolos. Quem
eram eles? Os primeiros apóstolos foram os onze discípulos mais chegados de
Jesus, e depois, Matias integrou o grupo “A12[1]”. Eles atuaram primeiro em
Jerusalém e depois muitos deles saíram a pregar o Evangelho e implantar igrejas
em outros países do mundo antigo. Outros se somaram aos doze, de sorte que no
Novo Testamento encontramos muitas referências a outros homens como sendo
também apóstolos (Paulo, Apolo, Barnabé, Tiago etc.).
Eles eram, em suas missões, tais
quais os missionários de hoje. Obreiros viajantes, itinerantes, sem estarem
estabelecidos em uma só cidade. Ficavam em uma cidade somente o tempo
necessário para plantar algumas igrejas, nas casas de “homens de paz”. Os
apóstolos eram enviados pela igreja onde se congregavam inicialmente, e
plantavam igrejas aonde eram enviados.
Somente a igreja em Jerusalém
e a de Antioquia (na Síria) começaram sem o trabalho de um apóstolo. Jerusalém,
porque a igreja ali começou quando o Espírito Santo desceu sobre os irmãos.
Antioquia, porque a igreja ali foi formada pelos que fugiram de Jerusalém e lá
se estabeleceram. Paulo era da igreja de Antioquia e depois se tornou apóstolo,
enviado aos gentios (não judeus), juntamente com Barnabé.
Depois que uma igreja estava
iniciada, com poucos meses, o apóstolo deixava aquela cidade e partia para
outra. Corinto foi a igreja que deu mais trabalho a Paulo em sua implantação e
ali ele demorou dezoito meses. Só dezoito meses numa igreja complicada como
aquela? Sim. E com quem ficava a igreja recém fundada? É exatamente aqui onde
muitas pessoas pensam equivocadamente que as igrejas eram diferentes, nas
diferentes cidades, quanto à organização, especialmente quanto à liderança,
pois encontramos nas cartas neo-testamentárias que algumas igrejas tinham
presbíteros (como a de Éfeso), outras eram diretamente dirigidas pelos
apóstolos, e outras pelos companheiros apostólicos de Paulo (Silas, Timóteo,
Tito e outros, chamados equivocadamente de “pastores”).
Porém, o fato é que todas as
igrejas tinham a mesmo tipo de liderança nos momentos certos de suas vidas. Em
outras palavras, todas (com exceção de Jerusalém e Antioquia) foram fundadas
por apóstolos. Todas eram orientadas no início por cartas e eventuais visitas
dos seus fundadores – apóstolos. Em todas elas, os presbíteros[2] só surgiam
depois de alguns anos. Os presbíteros eram homens locais, maduros, tanto na
idade, quanto no Evangelho. Esses não eram sustentados pela igreja da cidade, a
não ser, talvez, com raras exceções[3].
Como poderia haver anciãos em
uma igreja que tinha apenas poucos meses de vida? Impossível. Aí muitos dizem:
“por isso, nessas igrejas onde não havia ainda presbíteros, eram indicados
pastores ‘de fora’ para liderá-la.” Errado. Nas igrejas onde ainda não havia
surgido um colegiado de presbíteros, os apóstolos cuidavam diretamente das
igrejas, como já dissemos, por meio de cartas e com eventuais visitas. O que
você acha que as cartas apostólicas estão fazendo no Novo Testamento? Elas
contém a orientação dada para certas igrejas, de seus apóstolos plantadores.
Essas orientações inspiradas foram guardadas como Escritura e nos abençoam
ainda hoje.
Mas e Timóteo e Tito, não eram
pastores? Não. Eles eram companheiros apostólicos de Paulo. Jovens trainees (ou
estagiários) de Paulo. Futuros apóstolos. Eles não eram homens locais,
estabelecidos em uma cidade. Nem sequer eram maduros na idade. Eram também
viajantes, itinerantes como Paulo. Aliás, não existe no Novo Testamento essa
figura de pastor (ou padre) como a conhecemos hoje, um funcionário local de uma
igreja, com sustento integral e autoridade eclesiástica especial sobre os
membros da igreja. As cartas de Paulo a Timóteo e a Tito trataram de orientar a
esses jovens futuros apóstolos sobre as visitas eventuais que eles fariam em
algumas igrejas (Timóteo a Éfeso e Tito a Creta), para cuidar delas enquanto
não havia surgido nelas os presbíteros-pastores. Uma típica missão apostólica.
Então, com quem ficava a
igreja recém fundada? Com os próprios irmãos, com Jesus Cristo como Cabeça e
Pastor Supremo, com o Espírito Santo e com a assembléia, como Corpo de Cristo,
tomando as decisões. Mas o apóstolo fundador da igreja não a abandonava. Como
já foi dito, ele a visitava eventualmente e escrevia cartas para orientá-la enquanto
não apareciam os “anciãos” daquela cidade.
Quando surgiam os presbíteros,
o pastoreio das igrejas (nas casas) de uma cidade era confiado a eles. A todos
eles. Quando surgiram presbíteros em Éfeso, Paulo os chamou e orientou (Atos
20.17-22). Paulo os responsabilizou totalmente pelo pastoreio das igrejas em
Éfeso. Disse ainda que jamais iria lá novamente. Note que não houve menção ou
destaque de nenhum deles como “o pastor” ou “pastor-presidente” ou
“presbítero-regente”. Todos os anciãos de lá eram os pastores da igreja da
cidade. Um colegiado, não “um pastor”. Um colegiado sem presidente.
É importante ressaltar que
pastorear é cuidar, e não mandar. É essencialmente orientar e vigiar para que
as ovelhas não se percam e o inimigo não as destrua. Pastorear é essencialmente
ensinar, vigiar e cuidar. Funções que não trazem em si nenhum aspecto de
autoridade oficial ou cargo, que requeira obediência legal, semelhante às
autoridades do mundo. Se refletirmos nas atividades de um pastor de ovelhas,
usado no Novo Testamento como metáfora do trabalho dos presbíteros,
entenderemos melhor o que eles são. No interior do estado do Ceará é falado o
verbo “pastorar”. Obviamente, percebe-se que é uma pronúncia errada do verbo
pastorear. Os meninos que vigiam carros estacionados nas ruas pedem aos donos
para “pastorar” os seus veículos. Em outras palavras, eles pedem para vigiar os
veículos, em troca de alguns centavos. E o que eles fazem? Nada. Só olham para
que ninguém mexa ou roube os carros de seus “patrões”. A simples presença deles
inibe os ladrões. Pastorear é uma função e não um cargo. E é uma função muito
mais passiva do que ativa. Interessantemente, o outro termo usado no Novo
Testamento para os anciãos é epískopo. Epíscopo, ou Bispo, significa
etimologicamente “vigia”, ou se preferir, “supervisor”. Um supervisor não faz a
obra, mas supervisiona (ou audita) o que outros fazem, para garantir que o
trabalho não se afaste dos objetivos definidos por quem o solicitou. Sua função
é avisar quando algo estranho acontece. Uma função passiva.
E todas as igrejas com o
tempo, deveriam ser “pastoradas” por um conjunto de presbíteros/bispos. Sem
exceção. Era esta a orientação e a tradição dos apóstolos, inspirados pelo
Espírito Santo.
Quando lemos no Novo
Testamento que algumas igrejas tinham presbíteros e outras não, é porque as
cartas foram escritas em anos diferentes no primeiro século. Algumas igrejas
eram mais novas e não tinham presbíteros ainda. Outras eram mais antigas e já
contavam com presbíteros e diáconos. É importante perceber que nenhuma igreja
tinha somente um presbítero-pastor, ou mesmo um dos presbíteros com autoridade
superior aos demais. Só se tem notícia desse tipo de distorção de liderança
cristã a partir do segundo século, ao ler os escritos dos chamados “pais da
igreja” do segundo século (Inácio de Antioquia, Justino Mártir e outros). No
primeiro século, ou seja, na Bíblia, as igrejas ou eram lideradas por um
colegiado de presbíteros, ou diretamente pelos apóstolos, quando ainda
imaturas.
Havia também os diáconos –
homens igualmente experimentados na fé, cuja missão era coordenar e servir as
Ceias do Senhor em suas igrejas, como garçons, bem como dar assistência aos
necessitados.
Assim, a micro-estrutura
organizacional das igrejas bíblicas era apenas os irmãos e irmãs, e dentre eles
(nas igrejas mais antigas) os presbíteros e diáconos, todos num mesmo nível,
porém com diferentes funções. Não havia hierarquia. O Senhor Jesus condenou
claramente a hierarquia no meio da sua igreja, quando disse “Entre vós não será
assim.” (Mateus 20:25-27). Ninguém representava a igreja sozinho, nem mesmo o
colegiado de presbíteros, nem se este se juntasse com os apóstolos visitantes.
Veja que a igreja toda tomou a decisão no concílio de Jerusalém. A igreja toda
(os irmãos, as irmãs, os presbíteros e os apóstolos). Ninguém manda na igreja,
a não ser o Cabeça – Jesus Cristo.
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